sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A Ironia dos descartáveis...


A minha geração viveu a ilusão dos descartáveis. A modernidade indicava que utensílios de uso único era sinônimo de higiene e praticidade. Lavar copos, pratos e armazenar garrafas para trocar no bar da esquina passava a ser antiquado e retrógrado. Instalou-se uma indústria produtiva que vendia comida rápida, prática e sem o ônus de lavar, secar e guardar. Hoje ainda vivemos esta realidade. Entretanto, todos já percebemos que esta prática inviabiliza o equilíbrio saudável do Planeta. Garrafas Pet circulam nos Oceanos ressaltando a irresponsabilidade da civilização atual. O que era bacana e moderno na minha adolescência, hoje ameaça a Terra de maneira inequívoca. O Glamour dos Descartáveis precisa dar lugar ao reutilizável. Amar seu faqueiro novamente, pendurar sua sacola de compras na área de serviço como ainda está viva na memória dos mais velhos. Modernidade hoje é tentar deixar o mínimo do seu rastro no meio ambiente, procurando preservar uma qualidade de vida aceitável. Desafio hoje para todas as gerações contemporâneas. A ironia dos descartáveis é que um dia, a própria Terra, pode considerá-lo supérfluo e pernicioso. A vida na Terra ainda não é Reciclável...

quarta-feira, 11 de março de 2009

Cidade Maravilhosa...



Eu fui abençoado por nascer em uma cidade linda. Infância, adolescência e adulto sendo morador da Zona Sul Carioca. Passear por toda cidade, sem selecionar locais perigosos, era rotina adorada por locais e turistas. A barra foi pesando aos poucos. Hoje, o simples desejar pegar o carro ou mesmo de coletivo e rodar pela cidade, remete às manchetes diárias dos jornais com arrastões, tiroteios e lançamento de vítimas no abismo oceânico. Polícia, Estado e Cidadãos impotentes. Marginalidade arrogante e impune. Cidade maravilhosamente perigosa. Viver ou morrer, questão de sorte. PAC: Patético, Assaltado e Carioca. Cristo Redentor, olhais por nós; amém.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Envelhecimento...



Um dia chamei meu pai de velho, irritado com alguma circunstância da vida. Já cansado e doente, olhou para mim e mostrou contrariedade daquela insistência minha e, por extensão, da sociedade. Magoa ser chamado de velho. Como uma peça desgastada de um sistema que não pode parar. Com a arrogância própria da juventude, não captei bem a mensagem naquele momento. Hoje, fui chamado de velho por uma adolescente de 14 anos. Imediatamente, lembrei-me do semblante do meu velho naquela tarde. Inicio a trajetória da peça descartável e incômoda. A verdade é bem outra. Idosos possuem quilometragem na vida. Aprenderam que arrogância cai por terra na primeira esquina, nos embates da vida e no calejar das ilusões. Uma sociedade torna-se sábia quando respeita e cuida bem dos seus velhos. Rabujentos por vezes, irritados quase sempre, mas um baú de vivências e sabedoria. Lição aprendida, meu velho pai. Pode descansar em paz. Ainda tenho de lapidar a arrogância do meu jovem de 18 anos. A adolescente verde ainda entenderá seu pai, neste ciclo infindável de vida e morte.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Metralhadoras do bem...


Hoje, Sábado, 24 de janeiro de 2009 amanhecí ouvindo o matraquear de metralhadoras e fuzis na favela, rotina já macabramente absorvido por moradores relativamente próximos a estas comunidades. Apurando os ouvidos, percebí que o matraquear era de britadeiras moldando o cimento em obras do Metrô e do Pac morro acima. Uma esperança brotou no meu já combalido amor próprio carioca. Como é bom ouvir o matraquear do progresso, o barulho do poder público, tendo como instrumento o meu dinheiro, o nosso dinheiro, de impostos e obrigações tributárias. Quando gestores corretos empreendem, um trator de ordem e civilização abafa a promiscuidade, a bagunça, o abandono social. Metralhadoras e fuzis são substituídos por trabalho, melhoria de vida do cidadão e paz no coração quando percebo obras que servirão ao rico e ao pobre, indistintamente. Como apregoa certo líder mundial, "Nós podemos" também. É só fazer o certo, o correto, a lei imperar. Acordem-me bem cedo, sempre, mas com o matraquear das máquinas, nunca mais com o espocar das metralhadoras e os gritos dos inocentes. Nós também podemos...