quinta-feira, 27 de dezembro de 2001

Ficção e Realidade...

O desejo do homem em prever o seu futuro é tão
forte e antigo, quanto os filmes de ficção que ele
produz. Ainda viva em minha memória, a cena do
personagem principal chegando a uma cidade, no
futuro, onde um vendedor inescrupuloso tentava
vender água contaminada para os viajantes. O "mocinho"
saca do bolso um analisador portátil e verifica
a contaminação do produto. Hoje, início de milênio,
sinto literalmente na boca o gosto deste futuro. Mares,
lagoas, rios e alimentos contaminados, já convivíamos
resignadamente.A água tratada pela CEDAE era o
último reduto de confiança da população nas autoridades
e nas técnicas de purificação. Lógico parece que, de onde
se capta a água para beber, a sociedade como um todo
deve exigir um santuário ecológico.Não importa o custo
da retirada das empresas poluidoras ou o tratamento dos dejetos,
estamos falando do líquido mais precioso para vida humana.
A população deve exigir transparência nas análises, pois a
contaminação é democrática, atinge ricos e pobres.Gostaria
que a sociedade percebesse que o que está acontecendo não
é um filme de ficção e efeitos especiais, é a fonte da vida que
está sendo negociada por dinheiro e interesses. Só nós podemos
alterar os prognósticos sombrios dos filmes de ficção, ou beber
veneno no mais completo silêncio.