sexta-feira, 2 de abril de 2004

Circo Brasil.

O primeiro contato de qualquer criança
com o circo é inesquecível. Todos guardamos
no íntimo aquela magia e excitação de uma
tarde vibrante, alegre e cheia de emoções,
regada a pipoca, algodão doce e refrigerante.
Hoje, quando paro o carro em um sinal vermelho
e pequenos palhaços, sujos, maltrapilhos, rostos
pintados do abandono, dobram-se numa atitude
de respeito e iniciam o seu número de balabarismo,
não posso deixar de pensar a que ponto chegamos
em nossa escalada civilizatória. Planos, verbas, Ong´s,
programas oficiais, nada chega lá nas esquinas onde
o real da vida acontece. Nossas crianças não precisam
mais esperar o domingo para ver o palhaço, a estátua,
o engolidor de fogo, a pirâmide dos pivetes famintos,
a cada sinal um número diferente do espetáculo do
crescimento cínico do nosso circo dos horrores.
Nossos dirigentes insistem em que não devemos
ter pressa, afinal estamos aguardando nosso País
ingressar no Mundo Civilizado desde que nascemos
e o show deve continuar. Os verdadeiros palhaços
neste início de milênio somos nós, cidadãos e con-
tribuintes.