quarta-feira, 29 de agosto de 2007

O automóvel...



O sonho do homem em deslocar-se com liberdade e agilidade evidencia-se desde os primórdios da civilização. Domesticar animais para o transporte e inventar máquinas cada vez mais rápidas e confiáveis fez do bípede um motorista ao redor do mundo. As metrópoles, como o Rio de Janeiro, cederam espaço, preferência e riquezas ecológicas para nossos carros, ônibus e caminhões. Possuir um carro, sonho dourado de consumo, símbolo de "status" e prestígio social. Hoje, lemos nas manchetes, como uma vitória da indústria e da economia, venda de automóveis "como nunca se viu neste País...". Claro está que se um número enorme de veículos passa a circular e poucos deixam de rodar, o colapso será breve. Sem contabilizar os problemas ecológicos de aquecimento global e poluição. Autoridades parecem desistir de qualquer tentativa de solução, talvez percebendo o óbvio, desestimular e concientizar que a propaganda enganosa do carro potente desfilando nos anúncios sempre sozinho nas ruas é um blefe, um suicídio urbano. Mais uma vez a espécie vai ter de perder a arrogância do individualismo para poder avançar e sobreviver nas nossas grandes cidades.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Vida virtual


A troca de experiências e emoções acompanha o Homem desde o tempo pré-histórico, onde já se deixavam pinturas rústicas dentro das cavernas. Hoje, com o computador, a comunicação instantânea entre as pessoas ao redor do mundo é fácil, rápida e barata. A sofisticação leva a cada dia mais pessoas viverem uma vida virtual, deixando de lado o encontro real com as pessoas. Uma ilusão de proximidade, que ameniza muita solidão. Entretanto, basta desligar o botão de energia e o aconchego se esvai, muitas vezes no meio da madrugada fria. Amigos e amigas On Line quase que permanentemente, deixando lá fora os riscos e perigos, mas também perdendo o calor de um olhar não cibernético, um abraço com cheiro, um beijo com gosto. Não se trata de uma visão pessimista da tecnologia, mas impor limites para não deixarmos de correr o maior e melhor risco, a perigosa aventura do contato humano, simples, antigo, mas fundamental.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Meu pai herói...

Meu pai morreu. Um fato corriqueiro. Uma quantidade imensa de pais morrem Mundo a fora. Mas desta vez foi diferente, foi meu pai. Inevitável lembrar das primeiras pedaladas inseguras escoltadas por mãos alertas, a primeira pipa empinada com o vento no rosto e a certeza da habilidade paterna, o barco à vela onde só braços fortes e adultos de papai podiam alcançar no lago, a primeira conversa séria de homem sobre criaturas estranhas chamadas mulheres, as primeiras voltas dirigindo o carro ainda em seu colo, a primeira medalha no Judô com um grito ao fundo de valeu campeão, a bronca, o castigo, o abraço, o cheiro, a piteira do cigarro, o simples olhar onde podia entender seu recado. Sempre presente, disponível, generoso, mesmo no ato de educar. Estranhamente pedia mais presença, participação mas, menino, adolescente, rapaz e homem, parecia não dispor de tempo para meu pai, afinal ele sempre estava lá mesmo, em sua casa. Hoje, tenho todo tempo do Mundo para sentir saudade das conversas, dos conselhos, das gargalhadas e dos momentos em família. Portanto, no dia dos Pais, e em qualquer dia do Ano, aproveite que seu pai está vivo e telefone, abrace, beije, releve mágoas, rancores, dúvidas e se reconcilie. Não perca mais tempo, faça já. Afinal, jamais saberemos quando nosso herói maior não estará mais em sua poltrona preferida, com seu jornal, cigarro e generosa sabedoria.