sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Envelhecimento...



Um dia chamei meu pai de velho, irritado com alguma circunstância da vida. Já cansado e doente, olhou para mim e mostrou contrariedade daquela insistência minha e, por extensão, da sociedade. Magoa ser chamado de velho. Como uma peça desgastada de um sistema que não pode parar. Com a arrogância própria da juventude, não captei bem a mensagem naquele momento. Hoje, fui chamado de velho por uma adolescente de 14 anos. Imediatamente, lembrei-me do semblante do meu velho naquela tarde. Inicio a trajetória da peça descartável e incômoda. A verdade é bem outra. Idosos possuem quilometragem na vida. Aprenderam que arrogância cai por terra na primeira esquina, nos embates da vida e no calejar das ilusões. Uma sociedade torna-se sábia quando respeita e cuida bem dos seus velhos. Rabujentos por vezes, irritados quase sempre, mas um baú de vivências e sabedoria. Lição aprendida, meu velho pai. Pode descansar em paz. Ainda tenho de lapidar a arrogância do meu jovem de 18 anos. A adolescente verde ainda entenderá seu pai, neste ciclo infindável de vida e morte.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Metralhadoras do bem...


Hoje, Sábado, 24 de janeiro de 2009 amanhecí ouvindo o matraquear de metralhadoras e fuzis na favela, rotina já macabramente absorvido por moradores relativamente próximos a estas comunidades. Apurando os ouvidos, percebí que o matraquear era de britadeiras moldando o cimento em obras do Metrô e do Pac morro acima. Uma esperança brotou no meu já combalido amor próprio carioca. Como é bom ouvir o matraquear do progresso, o barulho do poder público, tendo como instrumento o meu dinheiro, o nosso dinheiro, de impostos e obrigações tributárias. Quando gestores corretos empreendem, um trator de ordem e civilização abafa a promiscuidade, a bagunça, o abandono social. Metralhadoras e fuzis são substituídos por trabalho, melhoria de vida do cidadão e paz no coração quando percebo obras que servirão ao rico e ao pobre, indistintamente. Como apregoa certo líder mundial, "Nós podemos" também. É só fazer o certo, o correto, a lei imperar. Acordem-me bem cedo, sempre, mas com o matraquear das máquinas, nunca mais com o espocar das metralhadoras e os gritos dos inocentes. Nós também podemos...